sejam bem vindos

domingo, 22 de maio de 2011

Essa é a reforma agrária no brasil

Jardilene Pereira, aos nove anos de idade, não imaginava que teria que caminhar alguns quilômetros diariamente para chegar à escola até se mudar para o acampamento. Sem saber ler, ela não consegue desmistificar, através das placas, quantos metros separam o barraco no qual mora com seus pais da cidade mais próxima, São Paulo do Potengi.

A trinta quilômetros dali, as crianças alfabetizadas nas escolas próximas ao Assentamento União, em Barcelona, conseguem ler, contar e interpretar pequenos textos. As duas realidades que divergem em inúmeros aspectos tem um único berço, o Movimento dos Sem Terra. 


júnior santosÀs margens da RN-203, integrantes do Movimento dos Sem-Terra vivem acampados à espera de alguma boa notícia traduzida em um pedaço de terra, doado pelo governo, para iniciarem uma plantaçãoÀs margens da RN-203, integrantes do Movimento dos Sem-Terra vivem acampados à espera de alguma boa notícia traduzida em um pedaço de terra, doado pelo governo, para iniciarem uma plantação
Uns, organizados em associações e bem articulados, não precisaram fazer acampamentos ou interditar rodovias. Eles conseguiram junto ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), a desapropriação de duas fazendas – Tejuaçu e Muribeca - que juntas somam cerca de 874 mil hectares em terras há 11 anos. As 29 famílias que se instalaram no assentamento, colhem hoje frutos de um sonho que nem eles imaginavam que daria certo. 

“Aqui não houve necessidade de barricadas ou acampamentos em rodovias. Tudo foi muito pacífico e nosso assentamento serve de exemplo para a região Potengi”, afirmou o presidente do Assentamento União, Jorge Soares.

Cerca de R$ 5 mil foram utilizados para a construção de cada imóvel no início do processo. Os lotes de terra foram distribuídos aos assentados com o objetivo de que eles criassem caprinos, o que não deu muito certo. Dos 29 proprietários, hoje cerca de cinco mantem pequenas criações. Foi preciso mudar o foco da produção.

Com milho, feijão e mandioca, eles conseguem sobreviver e analisam a possibilidade de ampliar a produção para o mercado. Em casas bem estruturadas e com água encanada e energia elétrica, eles são um exemplo de que nem sempre, as medidas dos mentores do MST no Brasil, que defendem a invasão de terras e interdição de rodovias, são garantias de um pedaço de terra. 

Às margens da RN-203, em São Paulo do Potengi, a única produção visível é de coentro. A criação de animais se restringe a magras galinhas que comem restos de comida que escorrem pela lama formada na frente dos barracos. É neste cenário que cerca de 90 pessoas sobrevivem, à espera de um lote de terra produtiva. E ela está na frente deles, numa mistura de realidade e utopia. “É tão perto, mas ao mesmo tempo tão longe. Mas eu creio em Deus que aquela terra será nossa”, lamenta Francisca Luzinete, de 45 anos. Aproximadamente trinta barracos foram erguidos no local há um ano atrás. 

No Rio Grande do Norte, o Incra já assentou mais de 10 mil famílias em 55 projetos de assentamentos criados de 2003 a 2010. Apesar dos avanços, inúmeros acampamentos podem ser vistos às margens das rodovias que cortam o estado. Há quem necessite, de fato, de um lote de terra para produzir.
FONTE: tribuna do norte /reporter ricardo araújo

Nenhum comentário:

Postar um comentário